Serão as calorias todas iguais?


O organismo requer uma certa quantidade de energia por dia para manter um funcionamento as funções vitais. Este valor de energia é chamado Metabolismo Basal. O dia-a-dia de um indivíduo é composto por várias actividades durante as quais gastamos energia (andar, sentar, subir escadas, comer, ver televisão, estar ao computador, etc.). Este gasto de energia pode ser maior ou menor consoante os tipos de actividade que fazemos durante todo o dia. Ao valor de energia do nosso Metabolismo Basal acresce o valor que gastamos nestas atividades, dando origem ao Valor Energético Total que cada um necessita durante o dia. Mas mais que um peso ideal, há um intervalo de peso saudável no qual nos devemos inserir, o qual pode ser calculado através do Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC permite relacionar o peso com a altura, dando-nos a perceção se o nosso peso está adequado para a nossa altura (podemos ter peso a menos, ou excesso de peso). 
O organismo não utiliza toda a energia, proveniente dos alimentos, necessária para que o corpo humano possa executar todas as atividades diárias, sejam elas voluntárias (como andar, comer, trabalhar) ou involuntárias (como respirar, pensar, coordenar os movimentos cardíacos ou musculares, entre outras).Estudos efetuados, verificaram que uma parte da energia assimilada vinda dos nutrientes, é usada na própria digestão. Isto faz com que, na prática, a comida tenha menos calorias úteis do que as calculadas.
De modo mais descritivo, pode-se dizer que após um indivíduo comer, o gasto calórico aumenta – devido à digestão dos alimentos consumir uma parte da energia contida neles. As proteínas, são o grupo de nutrientes que mais necessita de energia para serem digeridos – cerca de 20% a 35% das calorias contidas no alimento são gastas no próprio processo de digestão e processamento dele. Que significa que, se um indivíduo comer 100 kcal de proteínas, o corpo só vai ficar com 65 a 80 kcal “líquidas”, para sustentar o organismo. Já as gorduras e os carbohidratos requerem menos trabalho, isto é menos energia para serem metabolizados: a sua digestão exige apenas 5% a 15% do total de energia. O gasto exato varia de pessoa para pessoa. Mas, em geral, fica bem no meio disso (27% de perda nas proteínas, 10% em gorduras e carbohidratos).
Esse processo é chamado de termogénese.
 A termogénese é  aceite pela FAO (Food and Agriculture Organization), e, pela divisão da ONU que trata da alimentação no mundo, recomendando que esta ciência seja tida em conta na altura em que se  conta quantas calorias cada alimento pode realmente fornecer.
A alimentação termogénica baseia-se no facto de alguns alimentos apresentarem maior dificuldade em ser digeridos pelo organismo, o que por si só utilizam maior quantidade de energia (de calorias) para realizar a digestão dos mesmos. Os alimentos termogénicos
típicos destacam-se ainda mais, porque induzem o metabolismo a trabalhar com ritmo acelerado, possibilitando um maior gasto calórico, entre eles salienta-se a pimenta vermelha, mostarda, gengibre, vinagre de maçã, acelga, vegetais fibrosos (brócolos, acelga, couve), laranja, kiwi, cafeína, guaraná, guaraná em pó, chá verde, água gelada, linhaça, gorduras vegetais, em especial, a de coco, produtos derivados de chocolate e os que contêm Ômega-3 (bacalhau, salmão, arenque, sardinha, anchova) e Ácido Linoleico Conjugado (nutriente encontrado na carne bovina, de peru e em alguns laticínios)
O organismo pode digerir os alimentos de forma muito diferente. Por isso, modo de preparação, de textura, e, composição destes tem influência sobre o método de contagem de calorias podem diminuir ou aumentar a energia extraí-

da dados nutrientes  até 50%. 
Cortar, bater, picar, moer e cozinhar aumentam a energia disponível nos alimentos. Isso porque a digestão é uma via nos dois sentidos: gasta-se energia para fracionar/ dividir as moléculas complexas e transformá-las em estruturas mais simples, como açúcares e aminoácidos. Quanto mais intacta for a parede celular de um alimento, mais difícil será a sua digestão – e menos energia em excesso ficará para armazenar. Da mesma forma, quanto mais processado for o alimento, a energia obtida pela sua metabolização será em maior quantidade e se não for gasta na totalidade maior quantidade de energia será armazenada.
Estudos efetuados evidenciam que o organismo humano queima mais facilmente calorias de alimentos crus do que as calorias de alimentos processados. 
Comer 300 calorias de comida caseira não é o mesmo que comer 300 calorias de “pizza” congelada.
Isto explica por que a farinha de milho cozinhada fornece grande quantidade de calorias quase de imediato, enquanto grãos de milho duros originam menos calorias – os alimentos inteiros passam quase intactos pelo tubo digestivo pelo que são capazes de acelerar o metabolismo até 10%. Uma maçã crua fornece em média 72 calorias; assada, fornecerá 90. Os alimentos inteiros influenciam o metabolismo, sabe-se que eles são mais nutritivos e, em geral, menos calóricos.
Para fazer uma refeição caseira, as pessoas têm de comprar os ingredientes alimentares e prepará-la., enquanto os alimentos processados são alimentos que não provêm diretamente da natureza e que, habitualmente sofrem manipulação por parte do homem. São alimentos que aparentemente, são manuseados quimicamente para terem mais paladar do que a alimentação saudável. Têm ingredientes artificiais, isto é, têm sempre a adição de açúcares, sal, óleos, gorduras, corantes, conservantes, emulsionantes. Estes alimentos consequentemente originam aumento de diversos parâmetros como por exemplo do Índice glicémico entre outros.

As calorias são apenas energia que o organismo utiliza e armazena de forma diferente, conforme os nutrientes que constituem o alimento.

Será que as calorias serão todas iguais?
Como sabemos, a caloria corresponde à quantidade de energia contida num alimento. Uma caloria é apenas uma unidade de energia, e, como tal as calorias deveriam ser todas iguais, mas será que o organismo responde do mesmo modo a todas as calorias?

A resposta é não.
O importante é a origem da caloria, pois a caloria pode ser proveniente dos hidratos de carbono (açúcar), proteínas e gorduras, e, a metabolização de cada um destes macronutrientes é diferente, isto é, o importante não é só ter em conta o valor energético total, mas sim a qualidade dos alimentos que fazem parte da alimentação. Isto é, o que é importante é a quantidade de glicose que cada nutrientes liberta para a corrente sanguínea. O aumento da glicemia sanguínea origina a libertação de insulina. Uma das funções desta hormona é  o transporte do açúcar no sangue para dentro das células, onde é transformado em energia. Se a energia obtida não é gasta na totalidade a parte restante é transformada em gordura.


Exemplificando:

● 500 Kcal de peito de peru serão o mesmo que 500 kcal de massa ou arroz?
●100 Kcal de brócolos será o mesmo que 100 kcal de azeite?

Claro que não.
Alimentos diferentes são digeridos e metabolizados de forma diferente e, como tal, interagem com o organismo de forma diferente. As calorias diferem bastante entre si, especialmente quando a principal fonte são os hidratos de carbono aos quais se deve prestar mais atenção O açúcar até pode ser um dos maiores ingredientes num grande leque de alimentos, mas existe uma grande diferença entre o açúcar – e as consequentes calorias – de uma bebida gaseificada e o açúcar, e, as calorias de um punhado de frutos secos. Em ambos os casos existe açúcar e um grande aporte calórico, mas o primeiro tem uma ação mais nociva do que o segundo para o organismo.
Podemos afirmar, segundo os estudos efetuados, que é importante olhar para alimentação como um todo e não apenas para as calorias, isto é, ao mesmo tempo deve-se avaliar as gorduras, o açúcar e os possíveis aditivos presentes no alimentos, como um todo, visto estes serem constituídos por uma combinação variada de macronutrientes (proteínas, hidratos de carbono e gorduras), e, micronutrientes (vitaminas e minerais), fibra e água. A quantidade de energia que cada macronutriente fornece ao organismo também é distinta: cada grama de proteína ou de hidratos de carbono fornece 4 kcal, enquanto cada grama de gordura fornece 9 kcal. Já os micronutrientes, a fibra e a água, não têm calorias pois não desempenham funções energéticas. Deste modo, o mais importante é pensar que falar de alimentos não é assim tão simples... A título de exemplo, compreenda-se a variedade de hidratos de carbono (HC) que podem estar presentes nos alimentos.
Deste grande grupo de macronutrientes destacam-se os HC simples e os complexos.



Deste grande grupo de macronutrientes destacam-se os HC simples e os complexos.


Os HC simples são constituídos por pequenas unidades de açúcares e são de rápida absorção e fácil digestão. São eles a frutose, uma pentose naturalmente presente na fruta e no mel; a glicose, que pode estar presente igualmente na fruta e no mel assim como em alguns vegetais; a sacarose, característica do açúcar de mesa; a lactose, já conhecida como o açúcar do leite; e a maltose, que se pode encontrar na cevada ou noutros géneros de cereais, podem igualmente fazer parte da constituição de muitas pastilhas elásticas (chicletes), doces em geral, e, refrigerantes, entre outros.
Este tipo de hidratos de carbono é constituído por 1 ou 2 moléculas de açúcar. São digeridos de forma bastante rápida devido à estrutura simples  elevam facilmente os níveis de açúcar no sangue.Quando consumidos, estes açúcares são directamente absorvidos pelo sangue na forma de glucose. A glucose promove energia de forma imediata. Isto pode potenciar o acumular de gordura caso estes hidratos não sejam utilizados (gastos em exercício).
Carbohidratos de rápida absorção (alto índice glicémico) como, arroz, massas, pães, doces, batata, etc, favorecem a sensação de fome, gula e armazenamento de gordura.
Quanto mais alto o índice glicémico de um alimento, mais rapidamente ele será digerido e mais rapidamente se elevará o nível de açúcar no sangue e, consequentemente, a ação da insulina (que leva ao armazenamento de gordura).





Os HC complexos, nomeadamente o glicogénio, amido, dextrinas e celulose, são constituídos por moléculas longas de açúcares e estão presentes em alimentos como o pão, arroz, massas alimentícias, leguminosas e batatas. Deste modo, alguns alimentos que parecem ser semelhantes por possuírem a mesma quantidade de calorias podem, na verdade, ser muito diferentes.
Demoram bastante mais tempo a serem divididas, e por isso têm uma digestão muito mais lenta que um hidrato de carbono simples.
Esta digestão lenta dá ao organismo energia de uma forma constante por longo período de tempo. Como a sua absorção é lenta, não é tão provável de acumularem em forma de gordura.
Segundo uma investigação efetuada na Universidade de Harvard e publicada no The Jama Medicine (Jama – jornal da Associação Americana de Medicina) as calorias diferem bastante entre si, especialmente quando a principal fonte são os hidratos de carbono. Esta revisão científica salienta que as pessoas para além olharem para o tipo de calorias que ingerem, devem igualmente ter uma maior atenção aos hidratos de carbono.
No site deste jornal científico é referido que o açúcar embora seja um dos maiores ingredientes num vasto leque de alimentos, apresenta uma grande diferença entre o açúcar de uma bebida gaseificada e o açúcar de uma pequena quantidade de frutos secos. Em ambos os casos existe açúcar e um grande aporte calórico, mas o primeiro é claramente mais prejudicial para o organismo do que o segundo.
Em relação ao carbohidratos, por exemplo, sabe-se que os alimentos refinados são prejudicais para o organismo, quando consumidos em excesso. Eles são rapidamente absorvidos, originando uma CARGA GLICÊMICA ELEVADA  (carga glicémica indica a qualidade e a quantidade de carbohidratos presentes numa porção de determinado alimento)..Por exemplo, mesmo que um
brigadeiro e uma maçã possuam 90 kcal cada, e,  ambos sejam de digestão acelerada, ou seja, de rápida absorção, ambos possuem açúcares, mas, as calorias em si e até mesmo o próprio açúcar são diferentes.
As calorias do brigadeiro são consideradas nocivas para o organismo, por serem uma fonte de açúcar de digestão rápida, e de gordura, aumentando a glicemia rapidamente. A maçã é uma boa fonte de vitaminas A, C, E e ácido fólico (B9). é antioxidante e fonte de fibras, o que permite regular os níveis de açúcar.
Segundo os cientistas que realizaram os estudos sobre a temática das calorias, as pessoas não devem contar as calorias isoladamente, não devem estar focadas apenas na quantidade dos alimentos (calorias) mas sim na qualidade deles, ou seja, devem ter
igualmente, atenção quer para as calorias ao mesmo tempo que avaliam as gorduras, o açúcar e os possíveis aditivos presentes no alimento, pois só olhando como um todo é que se consegue perceber se o alimento em causa é uma escolha adequada ou não. Quando a qualidade é ajustada, a quantidade torna-se, irrelevante já que é controlada automaticamente pelos sistemas reguladores do corpo (fome, por exemplo).
Pode-se concluir que 100 calorias de fruta não são as mesmas 100 calorias de um bolo, nem as 100 calorias de massa ou as 100 calorias de pão. Apesar de terem o mesmo número de calorias, o  organismo reage de forma completamente diferente.
Muitas pessoas pensam que reduzir a quantidade é a melhor maneira para cortar as calorias, mas reduzir a quantidade nem sempre está relacionado ao nível calórico. Por exemplo, 3,5 copos de melancia têm aproximadamente 165 calorias, exatamente a mesma quantidade de 23 amêndoas. Isto não significa que a melancia é boa e amêndoa não; os dois são alimentos saudáveis. A diferença está no nível calórico de cada um. A solução é escolher porções menores de alimentos nutritivos com maior valor calórico e porções maiores de nutrientes saudáveis com menor valor calórico. 
Deve-se optar por produtos com baixo teor de açúcares simples (pois estes potenciarem um rápido aumento da glicemia, podendo contribuir como fator de risco para diabetes tipo 2) e de gorduras saturadas, dando preferência a alimentos com HC complexos, ricos em fibras e com proteínas de alto valor biológico, presentes na carne, peixe e ovos, que fornecem todos os aminoácidos essenciais
.
Podemos concluir que para ter uma alimentação saudável é importante verificarmos, igualmente, a qualidade dos nutrientes. Quando a qualidade é ajustada, a quantidade torna-se, virtualmente, irrelevante já que é controlada automaticamente pelos sistemas reguladores do corpo (fome, por exemplo).
Deve-se, ter sempre em mente, que quanto mais alto é o ÍNDICE GLICÉMICO (IG)de um alimento (índice glicémico refere-se à velocidade que um carbohidrato é absorvido pelo organismo e se transforma em glicose no sangue).mais rapidamente ele será digerido e mais rapidamente se elevará o nível de açúcar no sangue e, consequentemente, a ação da insulina (que leva ao armazenamento de gordura). O IG de um determinado alimento é variável com a estrutura dos glúcidos presentes nos alimentos, bem como pela quantidade e o tipo de fibra presente na refeição. Exemplo disso é o grau de maturação de um fruto, pois quanto maior o seu grau de maturação maior a quantidade de açúcares e menor a de fibra e a celulose que, por degradação, disponibiliza moléculas de glucose


Esta teoria foi comprovada pelo estudo clínico efetuado em Pomona College na Califórnia, publicado no jornal médico americano de nutrição clínica Food & Nutrition Research, onde se ensaiou e comparou os efeitos do consumo de uma refeição de alto índice glicémico com uma de mais baixo índice glicémico.
  • 12 homens (18-35 anos) obesos foram testados e divididos em 2 grupos.
  • 2 refeições diferentes foram elaboradas. Ambas com a mesma quantidade calórica, mesmo sabor e a mesma proporção de macronutrientes. A única diferença é que a refeição A era composta de carbohidratos de alto índice glicémico (sanduíches de queijo processado no pão branco) e a refeição B, de baixo índice glicémico (sanduíches de queijo com pão integral).
Após a refeição, observou-se que o grupo que consumiu a refeição A (maior índice glicémico) teve os níveis de glicose no sangue 2.4 vezes mais elevados do que o grupo B e, tendo-se verificado que os indivíduos do grupo A sentiram mais fome 4 horas após a refeição, relacionados com o aumento da estimulação de áreas específicas associadas à “gula e fome emocional” em comparação com o grupo B. Constatou-se que 4h após a refeição, coincidente com o horário da refeição seguinte, os indivíduos do grupo A tenderam a aumentar a quantidade de nutrientes em relação ao grupo B.

Conclusão:

Determinados alimentos principalmente processados e refinados como: o pão feito com farinha de trigo branca, arroz, massas, pães, doces, batata, etc, são alimentos com baixo valor nutricional, facilmente absorvíveis pelo organismo, pobres em fibras, vitaminas e minerais. São carbohidratos simples, com alto índice glicémico que favorecem a sensação de fome, gula e armazenamento de gordura.





Alimentos não refinados e não processados, têm baixo índice glicémico, como os integrais, têm maior teor em fibras, vitaminas e minerais, são digeridos de forma mais lenta e proporcionam saciedade, o indivíduo leva mais tempo a sentir fome. Os alimentos de  baixo índice glicémico alteram graduadamente os níveis de glicose no sangue, consequentemente, a produção de insulina também acontece de forma gradativa. Portanto, para os diabéticos, consumir alimentos com baixo índice glicémico, como o arroz integral, o tomate, a soja, a abobrinha e os brócolos, são uma boa opção para ajudar a controlar os níveis de glicose no sangue. Os alimentos com fibras melhoram o trânsito intestinal, porque as fibras ajudam no processo de digestão.


Os alimentos com baixo índice glicémico podem ajudar a controlar o peso e a reduzir picos nos níveis de açúcar no sangue. O que é particularmente importante em pessoas com diabetes tipo 2 ou pessoas que correm o risco de desenvolvê-la, além de estarem também associados à redução do risco de cancro, doenças cardíacas e outras patologias.
Substituir os alimentos processados por vegetais, frutas e grãos integrais são a melhor escolha para a saúde como um todo, pois eles aumentam a quantidade de fibras, potássio, cálcio e vitaminas D no organismo.
A textura dos alimentos também tem influência na produção de energia, quando em excesso transforma-se em gordura e é armazenada.
A textura não representa apenas o voto decisivo na aceitabilidade de um alimento: ela é também essencial para identificá-lo.
A textura dos alimentos é um dos principais atributos que, juntamente com a aparência, o sabor e o cheiro, compõem a qualidade sensorial dos alimentos.

Todos os indivíduos na hora de comer, na escolha do alimento têm em conta um determinado tipo de comida pelo sabor, pelo visual, pelo aroma, os quais, constituem elementos muito importantes, pela combinação de texturas que dentro da boca produzem um grande prazer durante o processo de mastigação, pois mastigar é uma questão de satisfação.
Hábitos como: mastigar pouco, comer muito rápido, falar enquanto se come ou até mesmo beber algum líquido durante a refeição podem prejudicar o processo de mastigação.
A mastigação lenta proporciona uma comunicação efetiva entre estômago e cérebro, fazendo com que haja maior libertação de hormonas de saciedade e também um aumento da perceção de quanto se está realmente satisfeito. Com isso, há uma menor ingestão de alimentos durante a refeição e, consequentemente, o controlo do peso.
 Quanto mais mastigado é um alimento, mais enzimas digestivos se ligam à sua superfície e a digestão torna-se mais fácil e rápida; por outro lado, se a mastigação for rápida e o alimento for logo engolido, os enzimas perdem a sua função e o estômago fica sobrecarregado porque recebe o alimento quase inteiro. A má mastigação causa riscos também para a absorção dos nutrientes já que o organismo elimina o alimento que não foi bem mastigado sem absorver substâncias que podem ser importantes para a saúde.
 Quanto maior for a duração da mastigação sobre o bolo alimentar mais energia é exigida para fragmenta-lo, como consequência menos energia será fornecida para armazenamento. É o que indica um estudo realizado pelo médico japonês Kentaro Murakami, da Universidade de Tóquio.
 Murakami que acompanhou 454 japonesas de 18 a 22 anos num ensaio sobre a importância da alimentação na obesidade, verificou que os indivíduos que habitualmente mastigavam durante mais tempo os alimentos – comiam muito repolho e  feijão, por exemplo – tinham menor circunferência abdominal, do que os demais, nos quais se verificou aumento do tecido adiposo.

Neste estudo concluiu-se que os alimentos crus, grãos inteiros (grão, feijão…) e integrais, tendem a fornecer menos calorias, por necessitarem de mais energia para serem digeridos, beneficiando a manutenção do peso ou o emagrecimento.
Torna-se, deste modo, compreensível por que certos alimentos com menos calorias podem provocar mais aumento de peso. Exemplificando: um pão integral com muita fibra e grãos inteiros, pode até ter mais calorias que um pão branco, mas é mais difícil de digerir. Como resultado, o organismo gasta mais energia para absorvê-lo, durante mais horas, e consequentemente obtém-se menos calorias no final. Já o pão branco é mais fácil de digerir transformando-se em açúcar rapidamente, levando o organismo a transformar esse excesso de açúcar em gordura corporal.

Conclui-se que:

O organismo pode digerir cada um dos alimentos de forma muito diferente conforme a sua textura, qualidade, o modo de preparação, composição.  Todos estes fatores são importantes para a contagem de calorias fornecidas.  Deve-se ter sempre presente que alimentos facilmente metabolizados fornecem muitas calorias (devido a necessitarem de pouca energia para serem transformados e absorvidos) sendo a energia excedentária convertida em gordura, e, que alimentos difíceis de digerir produzem poucas calorias (pois a quantidade de energia utilizada para os transformar é elevada).  Logo a energia extraída dos alimentos pode diminuir ou aumentar até 50% conforme os parâmetros mencionados.


É importante, um indivíduo,  conhecer a que velocidade os hidratos de carbono são digeridos e absorvidos, devido a existirem vários fatores que podem influenciar estes processos digestivos, como  por exemplo:
● Origem do alimento (ex. clima);

● Tipo de cultivo (ex. conteúdo em água);

● Forma e grau de processamento/ confeção;

● Consistência e teor de fibras;

● Interação com outros alimentos e bebidas;

● Estado físico: Inteiro, picado, papa;

● Tipo de hidratos de carbono;

● Conteúdo em proteína e gordura

● Estado de maturação (ex. fruta).

Para limitar a ingestão diária de açúcares simples, sugere-se as seguintes recomendações:

● Reduzir o consumo de sobremesas e de guloseimas;

● Beber água em vez de bebidas com adição de açúcares;

● Evitar alimentos processados, uma vez que a maioria fornece gordura, açúcar e sal;

● Diminuir a quantidade de açúcar nas receitas de sobremesas que usam açúcar;

● Ler os rótulos dos alimentos e optar por produtos alimentares que apresentam, na sua composição, menor teor de açúcares;

● Dar preferência a bolos secos em pequena quantidade, evitando os que apresentam coberturas/recheio com cremes;

 ● Optar por alimentos saudáveis aos lanches.



Com a finalidade de manter saúde e um peso adequado à altura, género e idade, é necessário ter cuidade com o que se come. Atualmente fala-se muito nas calorias, mas o correto, segundo os estudos, é olhar-se para os ingredientes que constituem os alimentos como um todo, em que todos elementos devem ser contados, e, não só as calorias visto estas diferirem de nutriente para nutriente, e, a sua metabolização assim como a energia obtida vai depender da qualidade e textura do alimento assim como de determinadas estruturas que existem no intestino: as bactérias.  

Exemplificando: Mesmo que dois indivíduos comam exatamente o mesmo prato gastronómico, quer em quantidade, qualidade e textura vão absorver quantidades diferentes de calorias. Este facto, tem a ver, sobretudo, com as bactérias existentes nos intestinos. Existem no intestino cerca de 100 triliões de bactérias. As bactérias fermentam e fraccionram as grandes moléculas de carbohidratos que o organismo não consegue digerir sózinho em moléculas mais simples, a fim de serem metabolizadas. As mais abundantes são dos filos Firmicutes (60 a 80%) e Bacteroidetes (20 a 40%). Estudos indicam que, se uma pessoa tem maior proporção de Firmicutes, absorve mais calorias da comida. Não é à toa que a espécie Lactobacillus reuteri (que pertence ao filo Firmicutes) tem sido associada à obesidade.

Mantendo uma dieta saudável, rica em legumes, verduras e cereais integrais. Estudos com ratos indicam que a proporção de Bacteroidetes, o tipo de bactéria que auxilia a emagrecer, diminui drasticamente quando os animais começam a ser mal alimentados – mudam de uma dieta com pouca gordura e muitos polissacarídeos (carbohidratos complexos) para uma dieta típica do Ocidente, com muita gordura e muito açúcar.
Em humanos, os resultados são similares.

Este facto foi demonstrado num estudo efetuado por nutricionistas da Universidade de Florença, que compararam a flora intestinal de crianças africanas de Burkina Faso com crianças europeias italianas. As crianças africanas tinham mais bactérias que fazem parte do filo Bacteroidetes (57%) e menos bactérias pertencentes ao filo Firmicutes (27%), do que as europeias (cujo sistema digestivo possuía 22% de bactérias boas e 63% de bactérias más ). Segundo os autores do estudo, a explicação está nas dietas rurais da África, que são formadas principalmente por cereais, legumes e verduras, tudo com muitas fibras e fontes de polissacarídeos, que as Bacteroidetes gostam de digerir.















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